terça-feira, 4 de dezembro de 2012

O Ano em Que Meus Pais Sairam de Férias

Guerra Fria no contexto Latino Americano

No chamado Terceiro Mundo era a América Latina o principal foco de atenção das superpotências. Esse interesse natural por causa da proximidade geográfica dos Estados Unidos, aumentou bastante a partir de 1959, quando Fidel Castro chegou ao poder, em Cuba. A partir desse momento, não demorou para que as superpotências se preocupassem com o Brasil, o maior país da América Latina.

O golpe militar no Brasil, em março de 64, atendia à estratégia política dos Estados Unidos para a América Latina. A Casa Branca tinha medo de que  a revolução cubana, que resultou num regime socialista, se espalhasse pelas Américas. Por causa disso, passou a patrocinar ditaduras em toda a América Latina.

No Brasil, o quadro político e econômico favorecia os conspiradores. O presidente João Goulart era apontado como simpatizante do socialismo e a economia do país estava em crise, com índices elevados de inflação. Nos anos que se seguiram ao golpe de 64, o regime militar tornou-se mais forte e repressivo. O Ato Institucional número 5, de 1968, restringiu as liberdades democráticas e deu ao regime poderes quase irrestrito para governar, prender, torturar e eliminar adversários.

A ditadura militar, consequência direta da Guerra Fria, teve um nítido impacto negativo na vida cultural. Durante duas décadas, o governo censurou a imprensa, a literatura e as artes de um modo geral. Experiências inovadoras, como o Tropicalismo, e o talento de artistas como Chico Buarque, Geraldo Vandré e Augusto Boal, entre muitos outros, foram sufocados pela censura imposta pelo regime.

Nos anos 80, ganharam força os movimentos pela democratização no Brasil, com o movimento pelas Diretas-Já, e em outros países sul-americanos, como o Paraguai, o Chile, o Uruguai e a Argentina. No Brasil, o grande marco da volta à democracia foi o restabelecimento da eleição direta para presidente da República, em 1989.

E também nos anos 80 começava a se configurar o quadro político internacional que viria a culminar no fim da Guerra Fria, simbolizado pela queda do Muro de Berlim, em 89. O fim do muro foi resultado do intenso processo de reformas na União Soviética, iniciado em 85 pelo dirigente Mikhail Gorbatchev.
Durante a Guerra Fria, a propaganda e os os esforços anticomunistas dos Estados Unidos fizeram-se sentir na região. De 1946 a 1984, os Estados Unidos mantiveram no Panamá a Escola das Américas. A finalidade deste órgão era formar lideranças militares pró-EUA. Vários ditadores latino-americanos foram alunos desta instituição, entre eles o ditador do Panamá Manuel Noriega, e Leopoldo Galtieri, líder da Junta Militar da Argentina. A partir de 1954, os serviços de inteligência norte-americanos participaram de golpes de estado contra governos latino-americanos. Após a Revolução cubana, o receio de que o comunismo se espalhasse pelas Américas cresceu muito. Governos simpáticos ao comunismo ou democraticamente eleitos, mas contrários aos interesses políticos e econômicos dos Estados Unidos foram removidos do poder.

Em 1961, o presidente Kennedy criou a Aliança para o Progresso, para abrandar as tensões sociais e auxiliar no desenvolvimento econômico das nações latino-americanas, além de conter o avanço comunista no continente americano. Este programa ofereceu ajuda técnica e econômica a vários países. Com isto pretendia-se afastar a possibilidade das nações da América Latina alinharem-se com o bloco soviético. Mas, como programa não alcançou os resultados esperados, foi extinto em 1969 pelo presidente Richard Nixon.


Ditadura Militar no Brasil

A ditadura militar no Brasil foi o regime autoritário que governou o país de 31 de março de 1964 até 15 de março de 1985. A implantação da ditadura começou com o Golpe de 1964, quando as Forças Armadas do Brasil derrubaram o governo do presidente esquerdista democraticamente eleito João Goulart e terminou quando José Sarney assumiu o cargo de presidente.
Durante os 21 anos da ditadura militar, foram implantados os Atos Institucionais no intuito de reprimir a população. O Ato Institucional nº 5(AI-5) baixado em 13 de dezembro de 1968, durante o governo do general Costa e Silva, foi o mais duro golpe do regime. Este ato incluía a proibição de manifestações contra a natureza política, além de vetar o "habeas corpus" para crimes contra a segurança nacional.
A Constituição de 1967 dissolveu o Congresso Brasileiro, a supressão de liberdades individuais e a criação de um código de processo penal militar que permitiu que o Exército brasileiro e a polícia militar do Brasil pudessem prender e encarcerar pessoas consideradas suspeitas, além de impossibilitar qualquer revisão judicial.
Para uma maior aceitação popular do novo regime imposto, o Ministro da Justiça do Presidente Geisel criou a lei conhecida como Lei Falcão, que impossibilitava os candidatos da eleicao de 1974 para o senado de criticar o governo ou de argumentar a respeito de sua campanha, assim sendo, o “horário político” consistia apenas numa breve apresentação pessoal do candidato.
Em 1975, o jornalista e fotógrafo Vladmir Herzog foi assassinado  pelos militares do governo de Geisel, pois era um militante do Patido Comunista Brasileiro e lutava  pela democracia, liberdade e justiça. A morte do jornalista causou muito impacto entre a população brasileira, principalmente após a divulgação da foto de sua morte, que intencionava denunciar um suposto suicídio e que portanto, o governo não teria relação com o assassinato.

Com o tempo, vendo que o país estava indo para uma inflação, os militares, liderados por Geisel, resolveram iniciar um movimento de abertura política institucional, lenta, gradual e segura, o que acabou por direcionar o país para uma próxima redemocratização.
No dia 15 de outubro, o Colégio Eleitoral elege o general João Baptista de Oliveira Figueiredo, candidato apoiado pelo então presidente Geisel. Figueiredo é responsável pela abertura democrática do regime com medidas como o fim do bipartidarismo, a anistia recíproca e decretando eleições diretas para Governadores dos Estados em 1982.
Em 1983 e 1984 ocorreu a manifestação conhecida como Diretas Já, que reinvindicava a volta das eleições diretas presidenciais. O ato é liderado por Tancredo Neves, Franco Montoro, Orestes Quércia, Fernando Henrique Cardoso, Mário Covas, Luiz Inácio Lula da Silva e Pedro Simon. A primeira manifestação ocorreu no ano de 1983 em Pernambuco, organizado pelo PMDB. A inflação deste mesmo ano agravou ainda mais a quantidade de reinvindicações, que acabou se direcionando para uma maior mobilização dos sindicatos.
O governo aprovou uma Lei de Anistia para os crimes políticos cometidos pelo e contra o regime, as restrições às liberdades civis forma relaxadas resultando na eleição indireta de Tancredo Neves e aprovação de uma Assembleia Constituinte.
Desde a aprovação da Constituição de 1988, o Brasil voltou à democracia, os militares foram mantidos sob controle institucional civil e sem nenhum papel político relevante.

 Ulisses Guimarães e a Constituição de 1988



Movimentos Estudantis

No final da década de 50 houve um grande aumento no número de novas universidades, o acesso ao ensino ficou mais "facilitado", fazendo com que o ingresso de um maior número de pessoas na faculdade gerasse uma aceleração no processo de modernização.Cerca de 214 mil pessoas estavam estudando nas universidades na época e grande parte delas participaram ativamente no início dos movimentos estudantis.
Os movimentos estudantis sempre foram grandes mobilizantes de estudantes, fazendo assim com que estes participassem ativamente da vida política no país. Estes movimentos ganharam mais força nas décadas de 60 e 70.
Com um crescimento no número de estudantes, e a vontade da participação política, houve a criação de correntes políticas que defendiam ideologias de esquerda marxista. Essas correntes fizeram com que começassem alguns movimentos mostrando a insatisfação dos estudantes sobre os problemas do sistema de ensino superior. Os movimentos estudantis com o passar do tempo começaram a trazer resultados benéficos, ficando cada vez mais fortes e com mais "adeptos".
Em 1964 houve o golpe militar que abalou drasticamente o movimento estudantil. E como as correntes dos movimentos eram esquerdistas, houve uma grande repressão contra as lideranças estudantis, acabando assim com algumas organizações representativas, como o UEEs (Uniões Estaduais dos Estudantes)  e os DCEs (Diretórios Centrais Estudantis).
Na segunda metade da década de 60, o foco dos movimentos estudantis mudou de insatisfação dentro das instituições para a insatisfação com o regime militar, radicalizando assim em 1968, com inúmeras manifestações de rua contra a ditadura. No mesmo ano, ocorreu a “Sexta-Feira Sangrenta”, em que uma passeata em frente a embaixada norte-americana, terminou com 28 mortos, mil presos e 15 viaturas policiais incendiadas.
Em 26 de junho de 1968, no Rio de Janeiro, ocorreu a manifestação popular conhecida como a Passeata dos Cem Mil, que contou com a participação de diversos setores da sociedade brasileira. A passeata começou nas ruas da região da Cinelândia e terminou em frente a assembléia legislativa. Durante a manifestação, o povo teve a frente uma enorme faixa com a frase: “ Abaixo a Ditadura. O Povo no Poder”.
No periodo de 1969 a 1973, o movimento estudantil se  desarticulou  totalmente deixando  inumeros estudantes presos, perseguidos e mortos.
Os movimentos estudantis voltam a ter força quando Ernesto Geisel assume a Presidencia da Republica. Parte de seus projetos, como a imposição da liberalização politica e a redemocratização do país, fazem com que a ditadura perca apoio e o movimento se fortaleça.
Em 1977, o  movimento se expande para a rua, através de passeatas e protestos, ganhando atenção das camadas de estudantes a favor da democracia e retomando seu ápice. As reivindicações de carater educacional não tiveram tanto sucesso quanto as de carater politico. As UEEs e os DCEs são reconstruidos e, em 1979, a UNE (União Nacional dos Estudantes)  é refundada.

Com o fim da ditadura militar os movimentos estudantis perdem força, só retomando-a novamente, quando Fernando Collor de Mello assume a Presidencia, mas dessa vez, por um curto periodo de tempo.

Embargo dos Estados Unidos a Cuba

Em maio de 1958, os Estados Unidos suspenderam sua ajuda militar oficial ao governo do ditador Fulgêncio Batista, num episódio que ficou conhecido com o "embargo militar a Cuba”, no momento em que já se havia iniciado a guerrilha entre as forças do ditador e os revolucionários de Fidel Castro.
Em julho de 1960, em resposta as nacionalizações determinadas pelo governo de Fidel Castro, os Estados Unidos reduzem a cota de importação de açúcar cubano. Paralelo a isso, a União Soviética, em razão de interesses políticos, passa a oferecer a Cuba altos preços preferenciais para as exportações cubanas, especialmente do açúcar, e a vender petróleo a baixos preços preferenciais, criando dessa maneira um subsídio virtual, que beneficiava economicamente o governo de Fidel.
Em resposta a este alinhamento de Cuba com os soviéticos em plena guerra fria, o presidente John F. Kennedy ampliou as medidas tomadas por Eisenhower mediante a emissão de uma ordem executiva, ampliando as restrições comerciais em 7 de fevereiro e novamente em 23 de março de 1962.
Depois do episódio da Crise dos mísseis (descoberta pelos Estados Unidos a instalação de mísseis soviéticos, em Cuba, dirigidos aos Estados Unidos), Kennedy implantou restrições para viagens a Cuba em 8 de fevereiro de 1963. Depois emitiu um Regulamento para o Controle dos Recursos Cubanos e, em 8 de julho deste mesmo ano, baixou a Acta de Comércio com o Inimigo como resposta a hospedagem dos mísseis em Cuba. Desta forma os ativos cubanos nos Estados Unidos foram congelados.
A Organização dos Estados Americanos impôs sanções multilaterais a Cuba em 26 de julho de 1964. Em 29 de julho de 1975 uma nova resolução foi aprovada pela Organização dos Estados Americanos na qual essa reafirmou seus princípios de não-intervenção, decidindo "deixar em liberdade os Estados membros do "TIAR (Tratado Interamericano de Assistência Recíproca)" para que, de acordo com a política e interesses nacionais de cada um, conduzam suas relações com a República de Cuba no nível e na maneira que cada Estado membro julgar conveniente”.
 Em 1989 ocorreu o fim da Guerra Fria, porém o bloqueio americano foi mantido. 

Em 1999, o presidente Bill Clinton ampliou este embargo comercial proibindo as filiais estrangeiras de companhias estadunidenses de comercializar com Cuba, a valores superiores a 700 milhões de dólares anuais. “A medida está em vigor até os dias atuais, tornando-se um dos mais duradouros embargos econômicos na história moderna.”
Apesar da vigência do embargo, é importante notar que nem todo comércio entre Estados Unidos e Cuba está proibido. Desde 2000 foi autorizada a exportação de alimentos dos Estados Unidos para Cuba, condicionada ao pagamento exclusivamente à vista (antecipado: as mercadorias devem ser pagas antes de o navio zarpar do porto americano).
Hoje, a existência do embargo está sendo questionada não apenas por Cuba, mas pelos demais países da América Latina. A mentalidade é que não faz mais sentido manter a restrição, uma vez que a Guerra Fria terminou.
Apesar de na década de 1990, o embargo ter ficado mais rígido, aumentando as restrições contra a ilha, Barack Obama, presidente dos Estados Unidos, estaria disposto a negociar o fim deste bloqueio. Após chegar à Casa Branca, em 2009, o presidente Barack Obama suspendeu algumas restrições a Cuba, como o envio de dinheiro ou viagens à Ilha por razões esportivas, educativas ou religiosas, mas destacou que outros passos dependerão da abertura do governo cubano para a democracia. Ainda há muita resistência no país contra o término deste, porém os EUA estão se tornando mais flexíveis quanto ao seu relacionamento com Cuba. 
Fidel Castro, ex-presidente cubano, disse que, embora os EUA tenham flexibilizado suas relações com a ilha, ainda há muitas outras restrições que têm que ser retiradas. Raúl Castro, atual presidente de Cuba, afirmou estar disposto a negociar com os EUA o fim do embargo econômico à ilha.
Essa disponibilidade de Barack Obama de negociar os termos para por fim ao embargo fez com que o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, manifestasse em 20 de janeiro de 2009 a esperança de que, durante o governo de Obama, “os Estados Unidos levantem o embargo que mantêm há mais de 40 anos contra Cuba.”.
Em 13 de novembro de 2012, a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou, por 188 votos a favor, 3 contra (Estados Unidos, Israel e Ilha de Palau - localizada no Oceano Pacífico) e 2 abstenções (Ilhas Marshall e Micronésia), resolução que recomenda o fim do embargo econômico, comercial e financeiro a Cuba. Há 21 anos, a ONU condena a medida.
A resolução expressa ainda a preocupação com os efeitos da manutenção do embargo, afetando a população cubana, que sofre restrições e uma série de prejuízos. Durante a sessão, representantes de vários países se manifestaram. Recentemente, no Peru, a presidenta Dilma Rousseff criticou o embargo e defendeu o fim da medida.
O ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez Parrilla, disse que não há motivo legítimo ou moral para manter o embargo. "É apenas a arma de uma minoria cada vez mais escassa, isolada, e da arrogância violenta”, disse ele. “É uma violação ao direito internacional.”
O chanceler cubano reiterou o compromisso do país de avançar em direção à normalização das relações com os Estados Unidos. Rodrigues Parrilla propôs uma agenda para o diálogo bilateral sobre uma base de reciprocidade e igualdade soberana.
De acordo com estimativas de Cuba, o embargo imposto em fevereiro de 1962 tem causado prejuízos à economia da ilha caribenha que já ultrapassam US$ 1 trilhão, tanto econômicos quanto sociais.
Mesmo após a nova condenação, da ONU, os Estados Unidos confirmaram, contrariando as expectativas positivas de avanço do governo Obama, nesta terça-feira que mantêm sua política de embargo econômico contra Cuba. "Nossa política segue em vigor. Nossa política para Cuba está focada na criação de melhores laços com o povo cubano", disse em entrevista coletiva o porta-voz do departamento de Estado Mark Toner.
"Vocês conhecem nossas preocupações sobre o governo cubano. Nossa política permanece a mesma, isto não vai mudar", disse Toner.


Ditadura militar Chile, Argentina e Paraguai

            Na segunda metade do século XX o contexto mundial era o da Guerra Fria. Muitos países da América Latina, por influência de direita norte americana, resultaram em governos ditatoriais, em sua maioria, militares. Os militares foram responsáveis por golpes de Estado, por exemplo, no Brasil, na Argentina, no Paraguai e no Chile.

Chile
            O Chile passava por um período de ascensão de frentes de esquerda,sendo eleito em 1970 para a presidência, Salvador Allende. Foi então que, em Setembro de 1973 militares deram um golpe de Estado que resultou no assassinato de Allende.
Esse golpe foi liderado pelo general Augusto Pinochet. Começou então um governo autoritário focado em caçar os opositores, os esquerdistas nacionalistas e satisfazer todos os interesses dos Estados Unidos.
Durante 16 anos, o Chile viveu sob censura, tortura, sequestros e assassinatos, até que, em 1986, após movimentações populares contra a constituição de Pinochet,foi realizado um plebiscito, que proibiu a permanência do ditador no poder. Assim, dois anos depois foi realizado uma eleição.

Argentina
            A Argentina passou por situação semelhante a do Brasil e do Chile. A Ditadura  Argentina teve início com um golpe militar no ano de 1966. O presidente Arturo Illia, foi deposto no dia 28 de junho daquele ano e a partir de então se sucedeu uma série de governos de militares até 1973.
            Os promovedores militares determinavam a ditadura como Revolução Argentina. Logo após a tomada de poder, entrou em vigor no país o Estatuto da Revolução Argentina que legalizou as atividades dos militares. Seu objetivo era de permanecer no poder por tempo indeterminado, enquanto fosse necessário para resolver todos os problemas argentinos. A nova ‘constituição’ proibia a atividade dos partidos políticos e cancelava quase todos os direitos civis, sociais e políticos.
            O período da Ditadura Militar na Argentina foi cruel e sangrento, a estimativa é de que aproximadamente 30 mil argentinos foram sequestrados pelos militares. Estima-se que 2,5 milhões de opositores conseguiram se salvar e fugir do país.
            As crescentes manifestações populares causaram as eleições para novo presidente na Argentina em 1973. A população queria Perón no governo do país, mas o candidato do povo foi barrado pelo então presidente militar que alterou as leis eleitorais da constituição de forma que barrasse sua candidatura. Impossibilitado de ser eleito, Perón e o povo passaram a defender a candidatura de Hector José Cámpora, que venceu as eleições.

Paraguai
            O Paraguai estava passando por vários golpes políticos quando em 1954 ocorreu a posse do general Stroessner e com ajuda do partido Colorado, instalou-se uma ditadura repressora no país.
Stroessner garantiu seu regime exilando os líderes democráticos e controlando diretamente as forças armadas. Aos apelos da Igreja em favor dos presos políticos, reagiu expulsando do país vários sacerdotes. No campo econômico, o Paraguai foi marcado por contrabando e pela inauguração da usina hidrelétrica de Itaipu. 
A queda do ditador ocorreu quando foi deposto pelo general Rodríguez em Fevereiro de 1989 e em Maio foi eleito presidente.


terça-feira, 6 de novembro de 2012

Hair

Contexto Histórico

As décadas de 60 e 70 foram bastante prósperas para os americanos, visto que o país estava quase recuperado dos desastres econômicos causados pela 2ª guerra mundial mas estavam envolvidos em dois outros problemas políticos:  Guerra Fria e a Guerra do Vietnã.
            O inicio dos anos 60 simbolizaram a realização de projetos culturais e ideológicos. No ramo da ideologia eram observados inúmeros setores sociais com opiniões que se opunham ao governo da época, defendendo ideias de esquerda e direitos civis. Já na parte cultural dos Estados Unidos da época, é possível notar um grande crescimento no cinema e na música, esta em especial, cresceu não apenas por conta de bandas de rock americanas que surgiam, mas também por conta da British invasion, que consistiu na entrada de inúmeras bandas britânicas que viriam a tornar-se muito famosas na América.
            Durante o período da Guerra Fria que se refere aos anos 60, foram realizadas varias descobertas tecnológicas com ênfase no ramo aeroespacial já que, em 1969, o primeiro homem á pisar na lua, Neil Armstrong, era americano.
            Nesta época, a população americana voltava a enriquecer e portanto, a consumir. Devido a isso, estima-se que em 1960 90% dos americanos possuíam televisão (algo inimaginável em anos anteriores). Este surto no mercado consumidor ficou conhecido como “explosão do consumo”.
            Houve também uma revolução comportamental por conta do surgimento do feminismo, os movimentos civis em favor dos negros e homossexuais,e do impacto que tiveram na sociedade ganhando força por todo o país.
Como parte da chamada contracultura da época não pode ser esquecido o movimento hippie, formado por jovens de classe média que protestavam contra as guerras em que os Estados Unidos estavam envolvidos e sua sociedade.
Durante os anos 70, o dólar, que vinha em constante queda desde os anos 60, continuava caindo (de 1972 para 1973 ele caiu em 10%), porém os investimentos militares não cessavam. O país que até alguns anos antes era invejado pelo resto do mundo vivia uma profunda crise.

Escândalo de Watergate

No ano de 1972, cinco homens invadiram o edifício Watergate, em Washington, sede do Partido Democrata. Sem sucesso na missão de instalar escutas telefônicas, os homens que diziam serem apoiadores do Partido Republicano, foram presos. No ano seguinte, um dos homens revelou que o então presidente, Richard Nixon, sabia do plano e usava seu poder político para abafar o caso.
Foram então exigidas cópias de todos os telefonemas do presidente, que confirmaram seu envolvimento com o caso, por ter sido descoberto, revelado pela mídia e pressionado pela população, Nixon renunciou ao cargo de presidente.
Petróleo
Graças ao desenvolvimento industrial e o aumento do poder aquisitivo da população, o consumo de petróleo nos EUA aumentava constantemente. Em 1970 o consumo era de aproximadamente 3,2 milhões de barris/dia; em 1973, havia aumentado para 6,2 milhões. Sua produção também era muito elevada (9,5 milhões de barris/dia em 1972). No entanto, a participação no mercado internacional havia caído drasticamente nos últimos anos devido à elevação do preço do barril do petróleo árabe. 
Um fator agravante foi a recusa de negociações por parte dos países árabes devido ao suporte americano a Israel. Esta situação ficou ainda pior após o apoio americano a Israel na guerra do Yom Kippur, em que Egito e Síria atacaram sorrateiramente Israel na tentativa de resgatar os territórios perdidos na guerra dos seis dias na década de 60.

Pós Guerra e Baby Boom

A segunda guerra mundial foi um período bastante conturbado na história e na sociedade em geral. Países como EUA, Inglaterra e França se uniram para guerrear contra as invasões da Alemanha Nazista e sua expansão territorial. Finalmente, em 1945, com o fim dos conflitos, o grupo dos Aliados, principalmente os Estados Unidos, venceu a guerra e, com isso, trouxe um grande prejuízo ao continente Europeu, sendo o maior palco dos conflitos. A guerra contabilizou um gasto total de 413,25 bilhões de libras, fabricou mais de 296 mil aviões e 53 milhões de toneladas de equipamentos navais. Apesar de todos os prejuízos algumas nações viram oportunidades de ganho econômico, ampliando as indústrias de metais pesados, principalmente nas áreas de alumínio, níquel, cromo e aço.
 Depois de estabilizada a situação os países aliados começaram a promover os diálogos sobre a situação política e econômica mundial. Entre os anos de 1943 e 1945, diversas reuniões internacionais foram realizadas com o propósito de selar diferentes acordos diplomáticos.
            A grande quantidade de mortos durante a guerra levou a um processo de explosão populacional chamado de Baby Boom. Em geral, o Baby boom é referido aos filhos da Segunda Guerra Mundial, crianças nascidas entre 1945 e 1964.   Muitos soldados, que participaram da guerra e sobreviveram, voltaram para casa e isso gerou um aumento muito grande nos índices de natalidade.
             Essa geração, por ter sido posterior aos conflitos, tinha como foco principal o lema “faça amor, não faça guerra” um protesto contra a guerra do Vietnã. Com o fim da guerra, além da vitória veio também uma grande quantidade de mortos. Mais de setenta milhões de pessoas, entre eles civis e militares, morreram durante os conflitos.
Bibliografia
Pessoas.hsw.uol.com.br
pt.wikipedia.org/wiki/baby-boom
História da Segunda Guerra Mundial – Ferro Marc – Editora Ática.

Guerra Fria

A Guerra Fria teve seu início após a 2ª Guerra Mundial, quando os Estados Unidos e a União Soviética disputavam pela hegemonia política, econômica e militar no mundo. Do lado ocidental, estavam os EUA, defendendo o sistema Capitalista (propriedade privada, economia de mercado e democracia). Do lado oriental, estava a URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) defendendo o sistema Socialista, no qual existe um único partido, a sociedade é igualitária, economia planificada e não há democracia.

Nesta guerra, no entanto, não houve combate direto entre as duas nações. Esta é a razão pela qual a guerra se chama Guerra Fria. Apesar de ambos os lados possuírem centenas de armas nucleares, nenhuma foi disparada entre eles. Mas ocorreram combates em regiões como Vietnã e Coréia, em duas violentas guerras.

Dois blocos militares opostos foram criados. Um deles foi a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) em 1949, liderada pelos Estados Unidos e tinha como principais parceiros alguns países da Europa Ocidental. Em oposição à OTAN, foi formado o Pacto de Varsóvia, comandado pela URSS e tinha como membros Cuba, China, Coréia do Norte, Romênia, Alemanha Oriental, Albânia, Tchecoslováquia e Polônia.

Tanto os Estados Unidos quanto a União Soviética partiram para uma corrida armamentista e espacial. Como consequência desta corrida armamentista, os dois países mandaram milhares de tropas para países aliados e regiões vizinhas. Desta forma, havia um equilíbrio bélico que garantia que as nações não se atacassem, com medo do contra ataque. Isso podia ser chamado de Paz Armada, já que não havia combate direto entre os exércitos. Foram os Estados Unidos que lideraram a corrida armamentista.

Com relação à corrida espacial, foi a URSS a líder desta vez. Em 1957, a União Soviética lança o foguete Sputnik, com a cadela Laika dentro. Esta foi a primeira vez em que um ser vivo foi para o espaço. No entanto, em 1969, o homem chega à Lua na expedição americana Apollo 11.

Os americanos deram início a uma política de perseguição aos comunistas em seu território local e no mundo. Através da mídia (cinema, jornal, televisão, rádio, quadrinhos etc.), foram divulgadas diversas ideias contra o comunismo. Assim então foi idealizado o American Way of Life. Como resultado, muitos cidadãos americanos foram perseguidos e/ou presos por apresentarem ideias que remetiam ao socialismo. Uma política com esta ideologia foi o Macartismo, criado pelo senador Joseph McCarthy. Um exemplo de perseguição foi Charles Chaplin, que teve de fugir para a Inglaterra por ter ideias próximas do comunismo.

Para fortalecer o combate contra a expansão soviética pelo mundo, os EUA estabeleceram bases militares no Japão, na Coréia do Sul, Taiwan, Tailândia, Guam, Filipinas, Myanmar e Vietnã.

Após a Segunda Guerra, a Alemanha foi divida em República Federal da Alemanha (capitalista) e República Democrática da Alemanha (socialista). O Muro de Berlim foi construído 1961 com o objetivo de realizar esta divisão do território alemão.
No final dos anos 40, os Estados Unidos deram início ao Plano Marshall, no qual os americanos prestariam auxílio econômico aos países capitalistas destruídos pela 2ª Guerra. Do lado soviético, foi criado o COMECON, plano no qual a URSS prestaria auxílio mútuo entre os países soviéticos. 

No final dos anos 80, os países membros da União Soviética estavam muito atrasados economicamente e uma crise estava ocorrendo no socialismo. Em 1989, houve a queda do Muro de Berlim, unificando o território Alemão.  O capitalismo, então, começou a se difundir entre os países socialistas. No início dos anos 90, ocorreu o fim da União Soviética, acabando com a Guerra Fria.

Guerra do Vietnã

Guerra do Vietnã foi um conflito armado que começou no ano de 1959 e terminou em 1975. As batalhas ocorreram nos territórios do Vietnã do Norte, Vietnã do Sul, Laos e Camboja. Esta guerra pode ser enquadrada no contexto histórico da Guerra Fria.
O Vietnã havia sido colônia francesa e no final da Guerra da Indochina (1946-1954) foi dividido em dois países. O Vietnã do Norte era, comandado por Ho Chi Minh, possuindo orientação comunista pró União Soviética. O Vietnã do Sul, uma ditadura militar, passou a ser aliado dos Estados Unidos e, portanto, com um sistema capitalista.
A relação entre os dois Vietnãs, em função das divergências políticas e ideológicas, era tensa no final da década de 1950. Em 1959, vietcongues (guerrilheiros comunistas), com apoio de Ho Chi Minh e dos soviéticos, atacaram uma base norte-americana no Vietnã do Sul. Este fato deu início a guerra. 

Entre 1959 e 1964, o conflito restringiu-se apenas ao Vietnã do Norte e do Sul, embora Estados Unidos e também a União Soviética prestassem apoio indireto.
Em 1964, os Estados Unidos resolveram entrar diretamente no conflito, enviando soldados e armamentos de guerra, e também começaram a usar armas químicas como o napalm, o antrax e o agente laranja.
Os soldados norte-americanos sofreram num território marcado por florestas tropicais fechadas e grande quantidade de chuvas. Os vietcongues utilizaram táticas de guerrilha, enquanto os norte-americanos empenharam-se no uso de armamentos modernos, helicópteros e outros recursos.


No final da década de 1960, era claro o fracasso da intervenção norte-americana. Mesmo com tecnologia avançada, não conseguiam vencer a experiência dos vietcongues. Para piorar a situação dos Estados Unidos, em 1968, o exército norte-vietnamita invadiu o Vietnã do Sul, tomando a embaixada dos Estados Unidos em Saigon. O Vietnã do Sul e os Estados Unidos responderam com toda força. É o momento mais sangrento da guerra.

          No começo da década de 1970, os protestos contra a guerra aconteciam em grande quantidade nos Estados Unidos. Jovens, grupos pacifistas e a população em geral iam para as ruas pedir a saída dos Estados Unidos do conflito e o retorno imediato das tropas. Neste momento, já eram milhares os soldados norte-americanos mortos no conflito. A mídia mostrava as cenas violentas e cruéis da guerra.

        Sem apoio popular e com derrotas seguidas, o governo norte-americano aceita o Acordo de Paris, que previa o cessar-fogo, em 1973. Em 1975, ocorre a retirada total das tropas norte-americanas. É a vitória do Vietnã do Norte.

        O conflito deixou mais de 1 milhão de mortos (civis e militares), o dobro de mutilados,  feridos e inúmeras crianças órfãs,  resultantes ou da morte dos pais ou dos estupros praticados pelos soldados norte-americanos. A guerra arrasou campos agrícolas, destruiu casas e provocou prejuízos econômicos gravíssimos no Vietnã.

       O Vietnã foi reunificado em 2 de julho de 1976 sob o regime comunista, aliado da União Soviética.
 
Agente laranja sendo jogado.

O Movimento Hippie e Beatnik

O Movimento Beatnik
“Nossas malas estão na calçada de novo. As estradas eram mais longas, mas não importava. A estrada é a vida”.
Jack Kerouak em “On the Road”

A geração Beat, formada principalmente por grupos de jovens intelectuais americanos na década de 50, tinha como o principal objetivo se expressar livremente, deixando de lado a vida ordenada imposta pelo governo dos Estados Unidos após a segunda guerra mundial. Eram disseminadores da contracultura (movimento que negava a cultura de massa), que explodiu apenas em 1960 com o movimento hippie.
Através da literatura, os beatniks tentavam demonstrar o modo como enxergavam o mundo, regado à drogas, álcool, jazz (principalmente o jazz bop de Charlie Parker e Thelonious Monk) , sexo livre e viagens.     Uma das maiores características do movimento era a inconstância, a vida nas estradas, uma vida sem nenhum planejamento.
Seus principais ícones são: Jack Kerouak com sua obra “On the Road” escrita em 1957, Allen Ginsberg com “Uivo e Outros Poemas” de 1956, William Burroughs com “Almoço Nu” (1959) e Gregory Corso com “Bomb” (1960).
Os livros da geração Beatnik têm como principais características a intensidade não só no estilo narrativo, mas também nas personagens, a linguagem informal (cheio de gírias) , o apoio à igualdade étnica e a grande valorização da transmissão oral.
O pano de fundo do movimento foi a Guerra Fria. Por causa disso, o governo estado-unidense era repressor e conservador, dificultando a distribuição dos livros e poemas beatniks. A censura proibiu diversas obras, entre elas “Almoço Nu” de William Burroughs, que foi processado e acusado de subversivo. Sendo assim, a literatura beatnik só adquiriu popularidade após a divulgação dos processos dos autores pela imprensa.
O movimento influenciou os hippies na década de 60, que herdaram o hábito de consumir drogas em excesso e o amor livre. Além disso, teve grande influência no movimento homossexual e feminista devido à luta constante dos beats pela liberdade sexual e na música de Bob Dylan e Jim Morrison.  Hoje em dia, os livros da geração Beatnik são considerados no mundo todo como ícones da literatura.

Contracultura e Movimento Hippie

O Movimento Hippie norte-americano faz parte do movimento de contracultura, o qual teve seu início na década de 60. Houve muitos grupos de contracultura nos EUA, contudo os hippies foram o mais importante. A contracultura consiste na negação dos valores impostos pela sociedade norte-americana, que valorizava uma família formada, com dinheiro, um bom carro, etc. Na década de 60, os bebês nascidos no baby-boom pós Segunda Guerra Mundial estavam entrando na idade adulta, e são as principais personagens do movimento hippie de contracultura. 
Esses jovens, diante de todas as contradições da sociedade norte-americana, passam a defender valores totalmente opostos aos impostos por ela, adotando um modo de vida comunitário ou nômade, negando a Guerra do Vietnã (inclusive recusando-se a participar do exército), pregando a prática do amor livre sem distinções, a abolição do casamento convencional, o uso de drogas, o rock, a não violência, entre outros. Os hippies usavam barbas e cabelos compridos, ao contrário do padrão dos norte-americanos, que, assim como os militares, cortavam os cabelos bem curtos. Isso era as vezes visto com uma ofensa ou algo anti-higiênico. Eles faziam artesanato e usavam roupas diferentes dos convencionais ternos, como sandálias e muitas cores, negavam o nacionalismo, defendiam a liberdade, não eram muito ligados à tecnologia, pois preferiam o contato com a natureza.
Em 1968, o musical “Hair”, produto do movimento hippie, que mostra uma tribo e critica a Guerra do Vietnã, passou do circuito off-Broadway para a Broadway, mostrando que a contracultura já havia conquistado um grande espaço na sociedade norte-americana.
O Festival de Woodstock foi um importante marco neste movimento, em 1969. Em uma fazenda no interior do país, 500 mil jovens se reuniram por três dias em um festival musical onde todos dormiam, se alimentavam, se drogavam, praticavam o amor livre, e assistiam à apresentações musicais, nas quais os músicos criticaram a guerra, e protestaram contra a situação de desigualdade e segregação social estado-unidense. Um exemplo é o guitarrista Jimi Hendrix, que, em uma apresentação histórica, improvisou o hino nacional norte-americano com efeitos que simulavam barulho de bombas e tiros de metralhadora.
A contracultura e o movimento hippie prolongaram-se até a década de 70, espalhando-se para o resto do mundo e levando consigo as músicas de protesto, a negação do “american way of life” entre outras características, as quais assumiram as mais diversas formas nos diferentes países em que se manifestaram. No Brasil, este movimento influenciou a estética dos jovens, que aderiram à moda e forma de vestir dos hippies, deixando de lado os aspectos sociais e políticos do movimento.
Nos Estados Unidos, a contracultura foi importante, pois impulsionou movimentos como o da democracia racial, na década de 70, e, além disso, acarretou em mudanças de comportamento social, quando o jovem contestou os valores impostos e tentou transformar a sociedade na qual vivia, marcada por segregações e desigualdade.